Com 2 anos de atraso, Prefeitura entrega tablets obsoletos e sem conectividade para crianças da rede municipal
- Heloisa Erthal
- 12 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Equipados com sistema Android desatualizado e sem possibilidade de atualização somando-se da falta de conectividade, os aparelhos não atendem às necessidades pedagógicas e escancaram o desperdício de recursos públicos.

Mais um desdobramento no caso dos 5 mil tablets abandonados no galpão da Fundação de Educação de Niterói veio à tona. Após meses de cobranças e ofícios enviados pelos gabinetes dos vereadores Douglas Gomes (PL) e Daniel Marques (PL), os aparelhos começaram finalmente a ser distribuídos para alunos da rede municipal. Contudo, novas irregularidades e dúvidas pairam sobre o processo, evidenciando a precariedade da gestão pública no município.
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Os números falam por si: são cerca de 30 mil crianças matriculadas na rede municipal, mas apenas 5 mil tablets disponíveis. Qual é o critério para a entrega? Quem terá acesso aos aparelhos, e com base em quais justificativas pedagógicas? Até o momento, a Fundação de Educação não apresentou respostas satisfatórias, deixando pais e responsáveis indignados com a falta de transparência.
Na tarde de ontem (11/12), Douglas Gomes recebeu de uma mãe, que preferiu não se identificar, um dos tablets distribuídos. O aparelho é o mesmo que o vereador encontrou em maio deste ano, abandonado em um depósito desde 2022. Em um vídeo publicado hoje (12/12), ele demonstrou que o tablet está desatualizado: equipado com o sistema Android 11, cuja última atualização ocorreu em 2021, o dispositivo não suporta versões recentes ou aplicativos pedagógicos modernos. Atualmente, o Android 15 já é utilizado amplamente, e o 16 em breve já estará disponível, tornando os tablets virtualmente inutilizáveis para as demandas escolares.
Outro problema identificado é a falta de conectividade. Apesar de, inicialmente a ideia era licitar incluindo pacotes de dados móveis, o fato não prosperou e os aparelhos foram entregues sem qualquer sistema de rede ou chip, obrigando as famílias a dependerem de redes Wi-Fi para o uso, algo inviável para muitas crianças em vulnerabilidade social.
"Esses tablets foram abandonados por dois anos e agora estão sendo entregues desatualizados, sem nenhuma funcionalidade real para as crianças. Para que serve um tablet desses? Para criança jogar paciência? Enquanto isso, uma escola com centenas de alunos recebeu apenas 11 tablets! Qual é o critério para essa distribuição? Diretoras já estão brigando entre si porque uma escola recebeu e outra não. Isso é um absurdo, um retrato claro da falta de planejamento" disse o vereador Douglas Gomes
Douglas Gomes denunciou a ausência de respostas por parte da Prefeitura e anunciou que continuará cobrando esclarecimentos formais. Ele também afirmou que levará o caso ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), na tentativa de apurar possíveis irregularidades na aquisição e gestão dos tablets.
Este caso escancara o descaso da gestão municipal com a educação pública. Os tablets, que poderiam ser ferramentas valiosas para o aprendizado, foram adquiridos com dinheiro público, mas acabaram abandonados em um depósito, sem qualquer planejamento de uso. Agora, entregues com dois anos de atraso, estão obsoletos e inutilizáveis para a maioria das demandas escolares modernas.
A falta de transparência, somada ao desperdício de recursos, reforça as críticas à administração de Niterói, que parece priorizar discursos e propagandas em vez de resolver os problemas reais enfrentados pela população.
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