Após atraso em nomeações, secretário do Rio diz à professora: ‘Pode sair, você nem precisava ser professora
- Redação

- 2 de jul.
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Uma declaração do secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, durante uma reunião com professores da rede pública, gerou indignação entre profissionais da educação e reascendeu críticas sobre a condução da pasta. O episódio ocorreu após uma professora questionar o atraso de dez meses na publicação oficial dos nomes dos docentes que concluíram o estágio probatório em 2024.
“Você não é obrigada nem a ser professora”, respondeu Ferreirinha diante da cobrança sobre a demora na oficialização da posse dos profissionais no Diário Oficial. O comentário foi interpretado por presentes como um gesto de desrespeito e desdém com a categoria. A fala ocorreu em uma reunião de presença obrigatória convocada pela Secretaria Municipal de Educação (SME), fora do horário de expediente, destinada a professores que aguardam a efetivação após a conclusão do estágio probatório iniciado em 2021.
De acordo com relatos, os docentes aguardaram cinco anos após a aprovação em concurso público para serem convocados. Muitos já atuavam com carga horária reduzida e optaram por migrar para a matrícula de 40 horas semanais, em busca de maior estabilidade. A conclusão do estágio probatório em 2024, no entanto, foi marcada pela ausência de publicação oficial no Diário Oficial do município, o que compromete a regularização dos vínculos.
Durante a reunião, o secretário discursava em tom de celebração quando foi questionado sobre a demora na efetivação. Segundo uma das professoras presentes, que preferiu não se identificar, a resposta veio em tom irônico e evasivo, culminando na frase que gerou revolta: “Você não é obrigada a estar aqui... pode muito bem levantar e sair... você não é obrigada nem a ser professora.”
A professora em questão atua na educação há quatro décadas, enquanto Ferreirinha está à frente da pasta há apenas dois anos. O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE-RJ) emitiu nota classificando a postura do secretário como autoritária e afirmando que a SME “não admite críticas, não promove o diálogo e trata com desdém as demandas legítimas da categoria”.
Além da fala polêmica, o encontro expôs o distanciamento da gestão municipal em relação à realidade das escolas. O próprio Ferreirinha teria afirmado, durante a reunião, que aquele era seu primeiro encontro direto com os professores em dois anos e que não tinha conhecimento detalhado da rotina escolar.
O clima de insatisfação também é consequência das medidas aprovadas no Projeto de Lei Complementar (PLC) 186/2024, que ampliou a carga de trabalho da categoria, limitou o acesso a licenças e criou novas exigências para estágios probatórios, dificultando novas nomeações. A votação do PLC foi alvo de críticas da classe e motivou uma greve conduzida pelo SEPE-RJ.
Em nota, a SME afirmou que a reunião teve caráter de acolhimento e foi uma iniciativa inédita no processo de integração dos profissionais. A pasta também acusou o sindicato de distorcer os fatos para criar uma “falsa polêmica”.
Até o fechamento desta matéria, os nomes dos professores que concluíram o estágio probatório em 2024 ainda não haviam sido publicados oficialmente.




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