Caos em Icaraí: Parada LGBTQIA+ provoca transtornos em bairro conhecido pela grande população idosa.

O evento, que custou cerca de R$ 300 mil aos cofres públicos, foi marcado por som ensurdecedor, acidentes, trânsito caótico e lixo espalhado pelo bairro. A situação gerou indignação entre os moradores e reacendeu o debate sobre a escolha de locais mais adequados para a realização da parada.

A 18ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Niterói, realizada neste domingo (1º) na Praia de Icaraí, deixou um rastro de transtornos e críticas da população local. O evento, organizado pelo Grupo Diversidade de Niterói, que recebeu da prefeitura a quantia de R$ 273 mil reais conforme publicação do diário oficial da cidade em 30/11, foi marcado por som extremamente alto e grande movimentação, o que gerou impacto direto em um dos bairros com maior concentração de idosos no Brasil, segundo o IBGE, e levantou questionamentos sobre a escolha do local.

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Icaraí, com seu perfil residencial, abriga milhares de idosos que sofrem diretamente com eventos de grande porte.

"Minha mãe tem 93 anos e sofre de Alzheimer. O som alto, que fazia as janelas tremerem, a deixou extremamente agitada e nervosa. É inadmissível que um bairro como este seja escolhido para algo assim", relatou Helena Soares, moradora da orla há mais de 40 anos.

Trânsito caótico e acidente com trio elétrico

Além do impacto sonoro, a logística do evento trouxe transtornos para o tráfego no bairro. Ruas ficaram bloqueadas, e os desvios mal sinalizados contribuíram para congestionamentos que se estenderam por horas. Para agravar a situação, um dos trios elétricos que desfilavam pela orla colidiu com um circuito de iluminação pública na noite de domingo, obrigando todos os ocupantes a descerem do veículo.

Segundo a concessionária Enel, o circuito envolvido no incidente é de responsabilidade da gestão municipal. "Houve um problema sério de planejamento. Os riscos de acidentes em eventos deste porte são altos, e parece que isso não foi levado em conta", comentou um representante da Enel em nota.

Acessibilidade comprometida e questões de segurança

Outro ponto levantado foi a ocupação das calçadas e vias, que inviabilizou a mobilidade de cadeirantes e outros moradores com dificuldades de locomoção. "Meu marido usa cadeira de rodas, e não conseguimos sair de casa o dia inteiro. Nem mesmo as áreas reservadas para pedestres estavam acessíveis", desabafou Cláudia Monteiro, residente da Rua Gavião Peixoto.

A segurança durante o evento também foi motivo de preocupação. Pequenos furtos foram registrados, e moradores relembraram tragédias de edições anteriores, como o homicídio do jovem Luiz Henrique Lima, de 22 anos, ocorrido em 2022, durante a 16ª edição da parada.

Degradação urbana e questionamentos à prefeitura

O rastro de sujeira e degradação urbana foi outro problema apontado. Restos de lixo acumulados nas ruas e urina nos canteiros reforçam a insatisfação dos moradores. Para muitos, a realização do evento em um bairro como Icaraí, conhecido por seu perfil tranquilo e familiar, é uma escolha inadequada.

"Eu não sou contra a parada em si, mas ela precisa ser feita em um lugar mais apropriado, como o Centro da cidade ou no Caminho Niemeyer. Icaraí é um bairro residencial, com muitos idosos e crianças autistas que sofrem com o som estrondante. Precisamos de mais respeito", afirmou Renata Almeida, comerciante e moradora local.

O que diz a prefeitura?

Até o momento, a prefeitura de Niterói não se pronunciou sobre os transtornos relatados pelos moradores. No entanto, fica o questionamento: é justo impor tamanho impacto negativo a uma comunidade majoritariamente idosa em nome de um evento festivo?

A população aguarda respostas e, acima de tudo, um planejamento mais criterioso para os próximos anos. O direito à celebração não pode se sobrepor ao direito de viver em paz em um bairro que deveria ser sinônimo de tranquilidade.