Comerciantes reféns: quadrilha controlava camelódromo do Rio com violência e extorsão
- Redação
- há 14 minutos
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Comerciantes do Mercado Popular da Uruguaiana, no Centro do Rio, viveram anos sob o controle de um grupo criminoso que exigia pagamentos ilegais, ameaçava com armas e até cortava a energia de quem se recusava a obedecer. O esquema foi alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira (22) pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), que resultou na prisão de nove pessoas, incluindo o chefe da organização: um advogado que, sozinho, movimentou R$ 2 milhões desde 2019.
As investigações apontam que a quadrilha cobrava "contribuições" obrigatórias para que os boxes pudessem funcionar, e também valores pelo fornecimento de energia elétrica. Em caso de não pagamento, a luz era cortada — e só voltava com novo depósito, feito sob coação.
Segundo os investigadores, comerciantes eram ameaçados com violência e até armas de fogo. Quem não se rendia, corria o risco de perder o ponto, a mercadoria e até o direito de trabalhar no local.
O grupo também vendia boxes de forma ilegal, chegando a cobrar até R$ 80 mil por espaço — o que é proibido, já que o camelódromo é de uso público e a cessão só pode ser feita com autorização da Prefeitura. Parte do dinheiro era lavado em negócios “legais”, como lavanderias, e circulava por contas de laranjas.
Um policial civil aposentado e um policial penal também estão entre os investigados. Para o delegado Álvaro Gomes, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), ficou claro que o advogado liderava o grupo com conhecimento técnico e disfarçava o lucro com empresas de fachada.
"É simbólico que um dos empreendimentos escolhidos para lavar o dinheiro fosse uma lavanderia. Era uma lavagem literal de dinheiro sujo", afirmou o delegado.
O líder foi preso em Fortaleza, no Ceará. As ações também ocorreram em bairros como a Barra da Tijuca, na Baixada Fluminense e dentro do próprio mercado.
A operação cumpriu nove dos 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça e teve como objetivo garantir que os verdadeiros comerciantes possam trabalhar com segurança e sem serem reféns de criminosos.
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