Vídeo institucional da prefeitura do Rio trouxe imagem, editada, do lançamento de projeto na zona portuária carioca, em 2009. Ex-governador foi condenado e preso pela Lava-Jato
Em visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à zona portuária do Rio, na quinta-feira (10), para anunciar investimentos na região junto com o prefeito Eduardo Paes (PSD), um vídeo institucional exibido ao público "apagou" um antigo aliado de ambos: o ex-governador Sérgio Cabral, alvo de múltiplas condenações pela Lava-Jato.
O material, veiculado pela Prefeitura do Rio, trouxe uma imagem do lançamento do projeto Porto Maravilha, em junho de 2009, na qual Paes e Lula posavam com quepes da Marinha. Cabral, à época governador, e também presente no registro, foi "borrado" da imagem.
O projeto teve o objetivo de revitalizar a zona portuária, incluindo ações como a demolição da antiga Perimetral e a instalação do VLT na região.
A antiga proximidade com Cabral, que o apoiou em sua primeira eleição à prefeitura do Rio, em 2008, pelo antigo PMDB, causa desconforto a Paes desde a prisão do ex-governador pela Lava-Jato, em 2016. Desde então, Paes procura se desvincular do aliado de outrora e costuma afirmar que ambos tinham relação "institucional".
Cabral, em 2008, foi o principal articulador do apoio de Lula a Paes no segundo turno da eleição carioca, no qual o candidato do PMDB derrotou Fernando Gabeira.
Hoje aliados próximos, Lula e Paes dividiram palanque na quinta-feira em dois eventos no Rio: o lançamento das obras do Anel Viário de Campo Grande, pela manhã, e o anúncio de um acordo para reestruturação do projeto Porto Maravilha, à tarde.
Em diferentes momentos, Lula e Paes se referiram a investigações sobre corrupção no Rio, que levaram à condenação de Cabral, mas sem citar o antigo aliado. O prefeito chegou a lamentar a crise política e econômica e escândalos de corrupção, inclusive os que classificou como "inventados".
-- A lambança que fizeram com o Brasil nos últimos anos foi sentida de maneira muito mais intensa no Rio. Tivemos o epicentro da crise política, da crise econômica e do desemprego, dos escândalos. E dos escândalos inventados -- disse Paes.
Lula, nesta sexta-feira (11), em agenda no Theatro Municipal, criticou o que chamou de "denuncismo". Na quinta, o presidente havia criticado a eleição do ex-governador Wilson Witzel em 2018, desafeto de Paes, "em nome do combate à corrupção".
-- Esse país é tomado pelo denuncismo. Às vezes denuncia e ninguém prova nada. E depois não adianta pedir desculpas. É muito complicado, a pessoa que faz a denúncia não paga nada, não sofre nenhuma responsabilidade. Você xinga cidadão de ladrão, depois não prova e não acontece nada com quem acusou - criticou Lula nesta sexta, dia seguinte ao evento no Porto.
Na zona portuária, o governo federal anunciou através da Caixa Econômica Federal a expansão do uso de títulos imobiliários, os chamados Cepacs, para o bairro vizinho de São Cristóvão, com o objetivo de fomentar a construção civil na região.
O governo Lula também firmou compromisso de investir em uma faculdade do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) em processo de construção na zona portuária. O projeto, denominado IMPA Tech, receberá R$ 55,9 milhões para custeio de suas atividades quando estiver em plena operação.
Apesar de ignorado por Lula e Paes no evento desta quinta, Cabral usou suas redes sociais no mesmo dia para relembrar o que chamou de "parceria que resultado em grandes realizações para o Rio", nos dois primeiros mandatos do atual presidente. Entre as fotos antigas publicadas pelo ex-governador havia o registro de uma cerimônia de lançamento de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no estado, marca das gestões petistas anteriores.
Nesta sexta, novamente ao lado de Paes, Lula participou de uma cerimônia no Theatro Municipal do Rio para lançar o novo PAC, pacote de investimentos e de obras avaliado em até R$ 1,7 trilhão pelo governo federal.
Fonte : O Globo
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