O equipamento, com mais de 6 metros de comprimento, 2 metros de altura e pesando mais de 5 toneladas, evaporou-se na calada da noite, deixando um enigma a ser desvendado.
Uma máquina colossal de produção de cigarros, do tamanho de um caminhão, sumiu sem deixar rastros da Cidade da Polícia, o centro de comando da Polícia Civil no Rio de Janeiro. O equipamento, com mais de 6 metros de comprimento, 2 metros de altura e pesando mais de 5 toneladas, evaporou-se na calada da noite, deixando um enigma a ser desvendado. A descoberta do furto só veio à tona quatro meses depois, em uma investigação da TV Globo revelada nesta quarta-feira (20).
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A Cidade da Polícia abriga 15 delegacias especializadas e conta com mais de três mil agentes. A máquina, apreendida em uma operação do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro em julho de 2022, estava sob custódia no depósito da Delegacia de Cargas dentro do complexo.
A investigação girava em torno de um grupo que explorava 23 trabalhadores, entre paraguaios e um brasileiro, em condições análogas à escravidão. Obrigados a trabalhar em uma fábrica clandestina de cigarros em Duque de Caxias, os indivíduos não recebiam salário e estavam presos dentro da unidade fabril.
A máquina modelo MK8 PA7, capaz de produzir 2.500 cigarros por minuto, foi apreendida e guardada.
Após determinação da 3ª Vara do Trabalho de Caxias, o equipamento foi leiloado, com a promessa de que parte da renda seria destinada a projetos sociais.
Em um golpe de mestre, a máquina foi furtada na madrugada de 17 de fevereiro, véspera do Carnaval. O desaparecimento só foi notado em junho, quando um oficial de justiça e o representante da empresa vencedora do leilão visitaram o local para verificar o bem.
Nove meses após o crime, a Corregedoria da Polícia Civil abriu um inquérito para desvendar o mistério. Quase 50 pessoas foram interrogadas, incluindo todos os policiais que estavam de plantão na portaria durante o Carnaval. No entanto, nenhuma pista foi encontrada.
A investigação acredita que o autor do furto tinha acesso ao depósito, já que o local era trancado e poucas pessoas detinham as chaves. Outra conclusão indica que os criminosos utilizaram um caminhão Munck com um guindaste para içar a máquina.
O inquérito concluiu que o furto foi uma operação complexa e que envolveu mais de uma pessoa. A falta de câmeras de segurança no depósito e a desativação do monitoramento por imagem na portaria na época do crime dificultam ainda mais a investigação.
O caso ainda gera muitas dúvidas. Quando o equipamento sumiu, em fevereiro de 2023, Fernando Albuquerque era o Secretário de Polícia. O furto só foi percebido em junho, ainda sob sua gestão. Uma sindicância interna foi aberta para apurar o caso.
As circunstâncias do desaparecimento continuaram sem respostas com o sucessor de Albuquerque, José Renato Torres, que ocupou o cargo por apenas um mês. Em novembro, um mês após a posse do atual Secretário de Polícia Civil, Marcos Amim, a Corregedoria assumiu a investigação.
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